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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Truculência e política se misturam em ação na Cracolândia - área central da cidade de São Paulo

Da Carta Capital

Na segunda-feira 16, a tentativa de politizar o drama dos viciados em crack, hoje alvo de uma operação da Polícia Militar em São Paulo, ganhou contornos partidários. Em debate promovido pelo PSDB, os pré-candidatos do partido para prefeito de São Paulo utilizaram o tema como mote para criticar o PT de Fernando Haddad, provavelmente o principal concorrente na disputa. Andrea Matarazzo, secretário estadual de Cultura, aproveitou para bater na gestão de Marta Suplicy na capital paulista, entre 2001 e 2004 – e que segundo ele, teria sido reponsável por consolidar o crack na região da Luz, no centro da cidade, conhecida como Cracolândia.
Foi o sinal mais claro, até o momento, de fugir da questão jogando no colo de um adversário político.
Mas não foi o único.
Também pré-candidatos, o deputado Ricardo Trípoli e o secretário José Anibal (Energia) buscaram “federalizar o problema”, com críticas aos governos Lula e Dilma Rousseff – que, segundo eles, não conseguiram impedir a entrada da droga no país durante a gestão pela Bolícia nem oferecer tratamento adequado aos viciados no Sistema Único de Saúde (SUS). Bruno Covas, secretário estadual do Meio Ambiente, seguiu a linha, mas de forma menos estrondosa. Disse no debate que a prefeitura não pode e não será entregue a grupos que querem se perpetuar no poder. (Continua)

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A tucanagem está desesperada        

Do site do Zé Dirceu (publicado em 17-Jan-2012)

ImageResponsável pela mais desastrada intervenção já promovida na cracolândia paulistana, considerada unanimemente como uma tragédia, a tucanagem paulista está desesperada, agora buscando responsáveis pelo caos que instalaram em São Paulo. Mas esta ação policial-repressiva desencadeada na área terminou se convertendo no centro do debate entre os quatro pré-prefeituráveis tucanos ontem. Um deles vinculou o PT à disseminação do crack na capital; outro acusou o governo de não prestar assistência do SUS aos dependentes químicos. Ora, culpar o PT é esquecer que José Serra deitou falação sobre o combate às drogas em suas campanhas eleitorais, mas seu governo, os anteriores tucanos, e agora este de Alckmin, nada fizeram com relação ao crack.
 

Quem governa o Estado há 30 anos?

http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14244&Itemid=2


(Continuação)“O crack não é oriundo do Brasil. Eles estão há nove anos no governo e não fizeram nada para que os entorpecentes não entrassem pela Bolívia. Agora vem aqui dar palpite na política de São Paulo”, disse Trípoli.
“Hoje, o SUS não finacia o tratamento dos dependentes”, acrescentou Aníbal. Ao mesmo tempo, questionado sobre a ação deflagrada pelo governo estadual no sabado 14, Haddad disse ao jornal Folha de S. Paulo que a operação foi desastrada. Matarazzo saiu em defesa e acusou o PT de estar fazendo politicagem com a situação.
O episódio se contrapõe ao discurso de que a presidenta Dilma viva uma “lua de mel” com os governos estadual e municipal de São Paulo. E que os esforços para mostrar ações integradas entre as esferas do governo são apenas discurso.
Na quinta-feira 12, a presidenta havia defendido o bom relacionamento entre os partidos de oposição, no que ela chamou de decoro governamental. “É impossível no Brasil um governante achar que se governa sem os governos estaduais e os prefeitos. Não governa”, disse.
Em entrevista a CartaCapital, o arquiteto Jorge Bassani, que pesquisa a região da Cracolândia, afirma que pouco foi feito nos últimos anos para tentar solucionar o problema dos viciados na região central de São Paulo. Agora, no fim da gestão, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) tentou mostrar sua atuação. Alckmin, segundo ele, aproveitou para “tirar uma casquinha”, com o aumento da visibilidade possibilitado pela ação da Polícia Militar. “Essa gestão vai sair completamente desmoralizada em relação à Luz”, afirma Bassani. “A operação corre o risco de se tornar algo meramente midiático”.
 
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O projeto Nova Luz não convenceu o capital privado’

Concebido como estratégia para valorizar o centro de São Paulo, o Projeto Nova Luz não conseguiu até hoje atrair o interesse do mercado imobiliário para a região. É o que afirma o arquiteto e urbanista Jorge Bassani, coordenador de grupo de pesquisa sobre a área na Faculdade de Arquitetura e Urbaismo da USP. Para ele, a operação deflagrada no dia 3 de janeiro pela Polícia Militar é uma última tentativa da prefeitura de Gilberto Kassab (PSD) de mostrar serviço ao tentar solucionar o problema dos viciados em crack, instalados há anos no bairro.

Projeto falhou. Operação de Kassab é a sua última chance de ganhar visibilidade no caso. Foto: Luiza Strauss
“É o último ano dessa gestão, não vão conseguir mais nada”, diz ele.
O Projeto Nova Luz existe há mais de 30 anos e nunca foi realmente implantado. Em 2010, a Prefeitura realizou concessão urbanística para a área.
O grupo de empresas vencedoras tenta agora atrair investimentos de construtoras. Antes disso, ainda na gestão Serra, um leilão para construir na área não teve nenhuma incorporadora interessada, segundo Bassani.
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-projeto-nova-luz-nao-convenceu-o-capital-privado/

(Continuação)
Embora seja cedo para avaliar se de fato a ação vai despertar o apoio da opinião pública, a Folha de S. Paulo noticiou nesta terça-feira 17 que Kassab tinha em mãos uma pesquisa de opinião, desde 2011, mostrando que população demandava uma atuação mais forte na repressão ao uso e tráfico de drogas.
A operação foi criticada na mídia pela falta de sincronia entre a repressão policial e estratégias de tratamento e pela ausência de comunicação entre os altos escalões governamentais.
Além disso, especialistas apontam que repressão é desmedida, e a estratégia tem um perfil higienista. Na segunda-feira 16, a própria PM inaugurou uma estratégia de comunicação para reforçar a imagem da instituição durante a operação Centro Legal, com auxílio de sites e redes sociais. Além de textos explicando objetivos da ação, a PM criou uma página no Facebook em que internautas podem prestar apoio à instituição.

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