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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Midia Ninja: É dever do estado também promover a diversidade de opiniões


Mídia Ninja: 'Tomar posição sem vestir manto da falsa imparcialidade da grande mídia'

O ao vivo sem pós-produção da Mídia Ninja é capaz de despertar debates sem o aval da mesma mídia que está, hoje, enxugando suas redações e precarizando seus funcionários. Em entrevista à Carta Maior, os ninjas reclamam da falta de um marco regulatório da mídia e dizem que "a ausência de regulação dificulta o exercício da liberdade de expressão da população."


A simultânea crise e consolidação dos veículos tradicionais também recebe no seu seio mídias agora reconhecidas como alternativas. Com modo de expor particular: o fato tal como ele se dá e "se dando". O "ao vivo" sem pós-produção. O debate, então, é aberto obrigatoriamente sem aval da mesma grande mídia que está, hoje, enxugando suas redações e precarizando seus funcionários. 
Desponta um grupo dentre estes que são conhecidos como meios alternativos de informação: o Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). O grupo cedeu entrevista por e-mail à Carta Maior e nos contou sobre sua configuração e posição políticas. 


A iniciativa fala de dar poder aos novos protagonistas da realidade brasileira, mas também o posicionamento do mercado e Estado traz questionamentos que deverão seguir no horizonte dessa mídia que mesmo incipiente tem seu importante papel. Aprofundar e efetivar a liberdade de expressão para além do capital passa a ser hoje uma das principais pautas da expansão da democracia.



Carta Maior: Quando se iniciaram as atividades do grupo? Quantas pessoas participam do grupo e como são coordenadas suas atividades?



Mídia Ninja: O Ninja surge a partir de um acúmulo de mais de 15 anos de produção midialivrista no Brasil, de experiências que vão desde os fanzines e da blogosfera ao Fora do Eixo, rede que está em mais de 200 cidade no país e vem desenvolvendo tecnologias de comunicação e produção de conteúdo há 7 anos. Nesse processo aproximou de si outras redes, coletivos, jornalistas e midialivristas que, juntos, deram início a um projeto que ao mesmo tempo conseguiu que se fortalecesse um veiculo independente, como também catalisar uma rede de comunicação autônoma que usufrui dos frutos e ferramentas desenvolvidas durante esse histórico.



Hoje ele é uma rede descentralizada de comunicadores que buscam novas possibilidades de produção e distribuição de informação. São milhares de pessoas usando a lógica colaborativa de compartilhamento que emerge da sociedade em rede como premissa e ferramenta. A iniciativa veio à tona há meses atrás, durante a cobertura do Fórum Mundial de Mídia Livre na Tunísia. Desde então, o Ninja vem realizando coberturas por todo Brasil, apresentando pautas e abordagens omitidas na mídia tradicional.



CM: Qual, na opinião de vocês, é a função das narrativas independentes? De que maneira vocês quiseram retratar os atos e protestos dos últimos dois meses?



MN: A função das narrativas independentes é dar poder a cada vez mais gente para contar histórias a partir do ponto de vista do que estão vivendo. Mais do que uma ferramenta, é uma noção que ajuda a dimensionar a comunicação como serviço de utilidade pública.



Além de comunicadores, somos ativistas também. Quando fomos fazer a cobertura da vinda do Papa ao Brasil por exemplo, direcionamos o nosso olhar para entender quem era contra a visita de Francisco, não contra a religião, mas que protestava pela ausência de um Estado laico.



Logo, as nossas coberturas sempre explicitarão aquilo que de fato estamos vendo e vivendo. Nós também tomamos bombas em protesto, dois de nós já foram presos apenas por estar exercendo o direito à comunicação. Quando fazemos a cobertura de um protesto indígena ou quilombola, estamos de fato envolvido com aquela pauta, não se ganha legitimidade com quem está nas ruas apenas com discurso, a nossa prática de mídia precisa estar com a frequência modulada com o espaço-tempo da nossa geração.



CM: O que pensam do Marco Regulatório da Mídia? Como vocês veem o problema da mídia no Brasil?



MN: A ausência de regulação dificulta o exercício da liberdade de expressão da população, e favorece a existência de oligopólios que tanto comprometem a pluralidade nos conteúdos que são veiculados quanto a independência nas pautas.



Outro ponto: a falta de um marco regulatório não condiz com o contexto político, que apresenta o empoderamento de uma nova geração de protagonistas. As possibilidades que temos com a tecnologia disponível hoje em dia e as possibilidades de democratização da produção de conteúdo também não são contempladas.



É dever do estado também promover a diversidade de opiniões. Uma lei contribuiria necessariamente para a não criminalização dos movimentos sociais, por exemplo. Além de garantir a diversidade e o direito de manifestação e liberdade de expressão, distribuindo de forma mais equânime e democrática o recurso público ou o espectro eletromagnético.



Da forma que está hoje, a Globo recebe uma porcentagem gigantesca das verbas de publicidade do governo e uma emissora como a Jovem Pan ocupa uma faixa de espectro equivalente a de centenas de rádios comunitárias.



CM: De que maneira vocês se colocam no debate político hoje?



MN: A mídia livre é um ato político, e todo ato precede necessariamente de um debate. Tomar uma posição diante do que estamos cobrindo sem vestir o manto da falsa imparcialidade da grande mídia já é uma forma de se colocar.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

Reforma Política: Entenda as propostas do PT

Desde o início deste ano, o Partido dos Trabalhadores está empenhado na mobilização de assinaturas da sociedade brasileira em favor do Projeto de Lei de Iniciativa Popular sobre a Reforma Política. Objetivo é reformular a maneira de se fazer política do Brasil, tornando o sistema mais democrático e transparente. De acordo com o PT, os quatro pontos principais da reforma são: o financiamento público exclusivo para campanhas, o voto em lista preordenada, ampliação da participação feminina nas candidaturas e a convocação de Assembléia Constituinte Exclusiva.
Para compreender melhor sobre cada um dos temas, a TVPT preparou um vídeo explicativo sobre as propostas do PT em relação à Reforma Política, que também aborda a questão do plebiscito, levantado pela presidenta Dilma Rousseff.

REFORMA POLÍTICA: PLEBISCITO JÁ

Do Folha
06/07/2013 - 03h30

Breno Altman: Para reinventar a democracia

Os dois argumentos principais contra o plebiscito para reforma política transitam entre o cinismo e a demofobia. O primeiro deles é que, nas ruas, poucos pediram alteração do sistema institucional --apesar do apoio de 68% dos eleitores, detectado por pesquisas como a do Datafolha, à proposta da presidente Dilma Rousseff.















































O segundo alega que sobra complexidade técnica e falta tempo para que o povo se pronuncie acerca do tema antes de 2014, sugerindo que deveria ser deixado para os conciliábulos do Parlamento. Na melhor das hipóteses, depois de fechado o pacote, os eleitores seriam chamados a referendá-lo.
Ambos os raciocínios afundam na mesma areia movediça ao desconsiderarem que a cultura da qual emanam múltiplos movimentos e reivindicações é fruto da ruptura entre a vontade popular e as instituições políticas.
Quando acenou para a abertura de processo constituinte, por meio de consulta à cidadania, a chefe de Estado não se limitou a bandeiras desfraldadas nas manifestações. De forma audaciosa, exigiu a refundação política da República, calibrada pelo protagonismo direto dos cidadãos.
Mesmo que a ideia original tenha sido modificada, o plebiscito sobre reforma política é caminho que vai além de ouvir as ruas, pois a essas devolve o poder originário previsto na Constituição. Sem esse passo, qualquer outra iniciativa será parte do surrado axioma de que algo deve mudar para tudo permanecer como está.
Essa ferramenta pode liquidar o ordenamento autoritário, herança da transição conservadora à democracia. Salvo em processos eleitorais, a cidadania possui canais pobres de participação, apesar da sofisticada rede de organização da sociedade.
As atuais regras eleitorais --com financiamento empresarial, proibição de doações sindicais e voto uninominal-- facilitam a influência de grupos econômicos, diluem o confronto político-ideológico entre projetos e preservam históricas relações de clientelismo, tão preciosas ao poder de coronéis rurais e urbanos.
A interdição de contribuições empresariais e a implementação do voto em lista certamente constituiriam golpe duro contra essa faceta da ordem política. Aparte limpeza nos modos e costumes, tal reforma tenderia a transformar o voto nas eleições parlamentares em opção mais clara quanto a programas e partidos.
O avanço poderia ser maior, contudo, se houvesse decisão de ir à raiz do problema, ampliando o território da soberania popular. A possibilidade de convocar plebiscitos impositivos por iniciativa dos próprios cidadãos, por exemplo, desde que apoiada por percentual mínimo de eleitores, estenderia as fronteiras democráticas.
Apenas o Parlamento, atualmente, detém essa prerrogativa. Ainda assim, seus resultados estão sujeitos à confirmação de deputados e senadores. Se o presidente da República também pudesse convocar plebiscitos, muitas das mazelas que caracterizam as negociações entre Poderes estariam fulminadas. Decide, em última instância, a cidadania soberana.
Ares frescos seriam igualmente lufados se houvesse recurso ao voto popular para o impedimento de governantes e parlamentares. Os norte-americanos chamam isso de recall, os venezuelanos também o aplicam e tem se mostrado eficaz mecanismo de controle do eleitorado sobre seus representantes.
O fato é que a rebelião popular e juvenil iniciada em junho desnudou a putrefação e o emperramento do sistema político. As ruas lutam por mais democracia para reposicionar o Estado. O plebiscito se apresenta como passo indispensável para varrer entulhos oligárquicos.




BRENO ALTMAN, 51, é jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi e da revista "Samuel"

Cenário de 2014 mudou, mas é ilusão acreditar que PT e governo ficarão imobilizados

Do Blog do Zé Dirceu
Publicado em 08-Jul-2013

Muito tem se falado das mudanças no cenário eleitoral de 2014 após as manifestações nas ruas do mês de junho. Neste fim de semana, por exemplo, os jornalões destacaram que as alianças em torno da candidatura da presidenta Dilma Rousseff estão seriamente ameaçadas.

É evidente que o cenário de 2014 mudou, mas ainda é cedo para saber o quanto e em que direção. Há muita gente indo ao pote com muita sede, mas nada indica que serão beneficiados, já que uma candidatura do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, tira votos de Marina Silva, beneficiada com a queda da presidenta, e de Aécio, que é pré-candidato com o partido dividido. Fora o fato de que Serra é candidatíssimo.

Dilma, Lula e o PT, com mais ou menos aliados, ainda são os favoritos e há muita água para passar embaixo da ponte até julho do ano que vem. O cenário de uma economia em dificuldades e a presidenta perdendo a popularidade, que era apresentado como uma condição por importantes dirigentes do PSB para lançarem-se à disputa, agora é um fato. Resta saber se o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, será ou não candidato e com quem vai se aliar.

A ilusão de quem pegou carona eleitoral nas manifestações

Acreditar no cenário com Lula e o PT sem reagir aos adversários, que não foram poupados nas manifestações de junho, e o governo imobilizado – que deve aproveitar a crise política e se reformar – é ilusão típica de quem pegou carona nas manifestações com o único objetivo de desgastá-lo e desestabilizá-lo, além de se aproveitar eleitoralmente dos protestos legítimos e com uma pauta que agora a oposição e seus aliados na mídia rejeitam: o plebiscito e reforma política contra a corrupção, mais Estado, mais e melhores serviços de saúde e educação, transporte, cultura e lazer. Menos preconceito, mais democracia.

Não querem o plebiscito porque temem o debate sem a mediação e a intermediação dos donos da mídia sobre o Estado brasileiro e a sua reforma, sobre política de gestão, sobre a crise mundial e seus reflexos no Brasil, sobre as manifestações e suas causas.

Escondem que são contra a reforma política e contra mais Estado, são a favor da privatização, do corte de gastos. Inclusive na saúde e na educação, nas quais cada dia têm mais negócios, como o grupo Abril –  ponta de lança do conservadorismo, não apenas político, mas social e moral –,  que se opôs, por exemplo,  ao desarmamento, deixando o pais desarmado frente à violência que hoje domina cidades como São Paulo, sede da revista VEJA, que agora se opõe à consulta popular, propõe o fim do voto universal, estimula o golpismo e sonha com a volta do tucanato no poder, quando mandava e desmandava no governo.


terça-feira, 18 de junho de 2013

Lindbergh: projeto pode reduzir em até 15% no preço das passagens

O projeto para a redução da tarifa dos transportes públicos, por meio da desoneração tributária deverá ser apreciado e votado na Comissão de assuntos Econômicos do Senado (CAE) na próxima reunião do colegiado, no dia 25 de junho.

Nesta terça-feira (18), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentou seu parecer favorável à proposta, que institui o Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros (REITUP).
Segundo senador, a intenção, agora, é negociar o projeto com as três esferas de governo e com os estudantes e aprová-lo na próxima terça-feira na CAE, onde a matéria tramita em caráter terminativo. Lindbergh apelou aos membros da Comissão para que tenham sensibilidade e agilizem a votação da matéria, lembrando a importância de “escutar a voz que vem das ruas e estabelecer o dialogo” sobre a melhoria e o barateamento do transporte público—reivindicação que desencadeou a série de manifestações que tem levado milhares de pessoas às ruas, desde a semana passada. Lindbergh estima que o REITUP poderá assegurar uma redução de até 15% no valor das passagens.
A desoneração tributária instituída pelo REITUP não é automática, mas condicionada a uma série de contrapartidas a serem observadas pelos estados, municípios e empresas concessionárias do serviço. Os governos e empresas que aderirem terão isenção das contribuições para o PIS/PASEP, COFINS, CIDE e desoneração da folha de pagamentos, entre outras. Em troca, terão que reduzir as tarifas (empresas), instalar um conselho de transportes e elaborar um laudo demonstrando o impacto dos incentivos concedidos e determinando os valores máximos das tarifas para as empresas que aderirem ao novo regime.
O projeto também determina que, anualmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realize um censo dos usuários do transportes públicos urbanos. “A proposta é de inegável importância e se soma aos esforços já empreendidos pelo Governo Federal e por diversos governos locais para a redução das tarifas de transporte público”, avalia Lindbergh. Ele lembra que, além da redução da tarifa unitária, a instituição de programas como o bilhete único são essenciais para reduzir o custo do transporte para o trabalhador.
“A racionalização, e principalmente, a redução das tarifas para o usuário final é uma medida de caráter nitidamente progressivo, que vai beneficiar especialmente a população de baixa renda, que é quem mais depende dos transporte coletivos”. Lindbergh alertou, ainda, que as manifestações nas ruas nas principais capitais “são demonstrações inequívocas da urgência que o tema requer, e do caráter meritório deste projeto”.
(PT no Senado)

Manifestação 100 mil no Rio junho 2013

A multidão na Avenida Rio Branco, no RJ
Enviado por luisnassif, ter, 18/06/2013 - 13:00
Por XAD

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Passe livremente

A luta pelo passe livre para estudantes no sistema de transportes públicos do país e contra aumentos de tarifas é histórica no país e sempre contou com ampla participação e apoio de petistas.

O que faz da atual onda de manifestações por todo o país uma excepcionalidade é um conjunto de características conjugadas que a tornam um elemento importante da presente conjuntura dos movimentos sociais no Brasil e um tema digno de estudo e aprofundamento.
Apontaria quatro ou cinco dessas características dignas de nota.
Em primeiro lugar, trata-se de manifestações em que as formas tradicionais de organização política da juventude - entidades estudantis, sindicatos, partidos - não possuem uma hegemonia e um comando (pré-)estabelecido sobre as manifestações. Em oportunidades anteriores, esses movimentos tinham uma direção mais definida, reconhecida e até certo ponto previsível. Em outras, as perspectivas autonomistas e/ou movimentistas eram menos influentes que hoje.
Em segundo lugar, chama a atenção as relações mais horizontalizadas e descentralizadas estabelecidas no processo de convocação e realização das manifestações, com fortíssimo uso das redes sociais como elementos de debate político e mobilização social. A autonomia das várias organizações e agrupamentos, quase que colunas do mesmo movimento, foi verificada em vários momentos das manifestações, como alternativa à repressão policial em alguns momentos, como protagonista de iniciativas isoladas em outros.
A composição social da massa de jovens envolvidas nas manifestações é profundamente heterogênea, ultrapassando a base tradicional do movimento estudantil e abrindo-se à participação de múltiplas formas de expressão da juventude, da juventude da periferia das grandes cidades e estudantes das escolas públicas e particulares de renda mais elevada.
Outro elemento a destacar é que as formas radicalizadas de luta das manifestações - a ação direta, a desobediência civil, a firmeza permanente e outras do arsenal tradicional das esquerdas e dos movimentos sociais - são exercidas, por um lado, sob direção das parcelas organizadas em movimentos estudantis e partidos, e, por outro, com o vigor da primeira experiência, para a amplíssima maioria dos participantes, de luta social. Episódios isolados de violência, motivados por pequenos grupos de militantes políticos, infiltrados de direita ou excessos de novatos, não são novidade em movimentos de massa e muito menos podem definir sua natureza.
O comportamento da mídia mantém o tripé de sempre - o oportunismo de explorar politicamente o movimento de massas como oposição aos governos do PT, a estigmatização e criminalização dos movimentos sociais e suas lideranças e a legitimação dos atos de violência policial - mas agrega uma novidade essencial. Justamente verificando a falta de identidade política e a ampla participação de jovens cujo senso comum é a rejeição à política, aos partidos e aos políticos em geral, a mídia privada passa a disputar os rumos do movimento de massas. E o faz de modo a amplificar as críticas ao governo central, à gestão Haddad e ao PT, para o que somam tanto o discurso dos partidos de oposição de esquerda quanto o senso comum da direita, ao mesmo tempo em que apresenta de forma seletiva lideranças e bandeiras do movimento. Para esses segmentos da mídia, transformar a insatisfação genérica dos manifestantes em oposição orgânica e ideológica ao projeto petista e nossos governos passou a ser uma estratégia perseguida nos últimos dias, tanto na cobertura dos eventos internacionais em solidariedade aos manifestantes quanto dos atos pelo país.
Mas há ainda um último ingrediente a destacar, que nos diz diretamente respeito. A reação conservadora no meio petista a estas manifestações foi algo sem precedentes, a começar das autoridades de vários escalões de governo, passando por parlamentares e dirigentes partidários. Vários petistas fizeram eco à linha inicial de estigmatização, desqualificação e criminalização das manifestações e suas lideranças, não só constrangendo a militância petista envolvida diretamente nas manifestações e nos movimentos sociais, como facilitando o trabalho anti-petista que, nestas ocasiões, confunde e unifica as posições de esquerda e de direita assacadas contra nós.
Nas ruas, e solidários a eles, milhares de simpatizantes do PT, eleitores de Dilma e Haddad se perguntaram durante dias como não manifestávamos solidariedade aos jovens, onde estavam os defensores de direitos humanos contra a violência policial, como reproduzíamos clichês conservadores que sempre foram usados contra nós.
Penso que uma reação sadia se instalou no PT a partir dessa perplexidade coletiva, e permite não só uma auto-crítica coletiva como a necessária correção desta atitude. As bandeiras do PT não deixaram de ser erguidas, em pequeno número e timidamente, por jovens e manifestantes que acreditam que a nossa presença nos movimentos sociais e na luta popular é parte essencial de nosso passado, de nosso presente e do nosso futuro, pois corresponde a uma estratégia histórica de construção socialista que corresponde à nossa própria essência.
A emergência desses movimentos e a irrupção na cena política nacional e internacional devem ser vistas como fatos positivos a desafiar nossa reflexão e ação partidária. Disputar rumos desses movimentos, politizar nossas relações com a juventude, ampliar o diálogo político-ideológico com os beneficiários das conquistas sociais de nossos governos e identificar nossas falhas e limitações são atitudes fundamentais que se esperam do PT neste momento.
Foi-nos fornecida uma oportunidade de enfrentar temas como a vida nas cidades, os limites de nossas politicas urbanas, nossas propostas para revolucionar o transporte coletivo na maior cidade e nos grandes centros metropolitanos do Brasil, seu financiamento e controle social. Temas para os quais estamos preparados, e para os quais os movimentos sociais sempre foram nossos parceiros e companheiros.
O protagonismo da juventude brasileira no processo de transformação social é obstaculizado por décadas de dominação ideológica, de pregação neoliberal nas telas das TVs e nos bancos escolares, de repressão às camadas populares e de negação de direitos sociais que começam a ser alcançados por meio das políticas econômicas e sociais do nosso governo e pela sua própria luta. Como deixar de reconhecer como salutar que se ponha em movimento e de chamar esse segmento a um maior processo de debate?
Cabe ao PT entender esse processo, dialogar positivamente com ele e disputar seus rumos - como, aliás, deve-se fazer com os nossos governos. Essa juventude que está nas ruas já é parte importante do presente e futuro da luta social no Brasil.
Renato Simões é secretário nacional de Movimentos Sociais do PT.
http://www.pt.org.br/noticias/view/artigo_passe_livremente_por_renato_simoes

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A verdadeira agenda e os interesses da revista "The Economist"

Do Carta Maior

Que o braço televisivo das empresas de entretenimento e desinformação da Globo assuma como suas as provocações da The Economist é um fato repetido que não merece nenhum comentário novo. O que merece uma menção é o reiterado uso, por parte de seus jornalistas, do adjetivo “prestigiosa”. Na verdade, essa publicação é um órgão ideológico e um instrumento político do capital transnacional que busca ficar com a maior parte dos excedentes da sétima economia mundial. O mais recente "capricho" da The Economist é querer derrubar o ministro Guido Mantega. Por Dario Pignotti.

“Nenhuma organização midiática carece de um conjunto de conteúdos para demarcar a agenda (que está ligada a seu país de origem)...nem a BBC, nem a CNN prejudicariam os interesses nacionais” da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, respectivamente, afirmou Liu Chi, editora-chefe da CCTV, a televisão estatal da China, que destinou 8,5 bilhões de dólares para a expansão de seu sistema de informações destinado especialmente ao público ocidental.

A tese de Liu Chi, sobre o vínculo umbilical entre grandes meios de comunicação, de projeção global, e seus interesses nacionais, é perfeitamente aplicável ao influente, mas já não tão infalível New York Times (que teve a credibilidade arranhada após seu alinhamento patriótico com George W. Bush, na Guerra do Golfo), ao The Wall Street Journal, ao Financial Times e também a essa velha dama de ferro do jornalismo, The Economist, que retornou ao centro da agenda noticiosa brasileira com seus disparos dirigidos contra o ministro Guido Mantega.

Ainda que antiga, a revista que este ano celebra seu 170º aniversário, não perdeu o ímpeto e segue pressionando de modo um tanto imperial as potências emergentes, aqueles países que, em sua opinião, precisam receber lições sobre como superar a idade da barbárie econômica (leia-se: populismo, desenvolvimentismo, nacionalismo, intervencionismo, esquerdismo, distribucionismo) para chegar a um estado civilizatório superior: o do livre mercado absoluto.

Por sua fé neoliberal (ou liberal, simplesmente), The Economist às vezes evoca aquela Margaret Thatcher enlouquecida na “missão” de impor seu modelo e os interesses representados pelo Partido Conservador, em uma cruzada tão exitosa que acabou por deglutir o ideário econômico dos outrora reformistas quadros do Partido Trabalhista, degradados na figura de Tony Blair ao triste papel de mensageiros do decálogo neoliberal.

A falecida primeira ministra Thatcher, provinciana e pouco erudita, aplicou na Grã Bretanha a política mais regressiva desde o pós-guerra por meio de reformas (melhor seria chamá-las de contrarreformas) legislativas e uma repressão pinochetista contra os mineiros que tentaram, em vão, impor algum freio a sua agenda em defesa de um Estado mínimo.

Bem escrita, cuidadosa nos adjetivos que usa, editada com maestria, refinada, mordaz e, sobretudo, anglo-saxã: The Economist é um produto de qualidade, muito distinto do às vezes vetusto The Wall Street Journal.

Mas essa fleuma não impede que The Economist seja um órgão ideológico e um instrumento político com seu programa e seus objetivos, como qualquer meio de comunicação de porte global. Seu compromisso é impor sua agenda radical no debate econômico e aniquilar todo vestígio do que considera ser populismo estatista.

Seu último capricho, que põe a prova sua capacidade de pressão, parece ser querer derrubar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em quem detecta um vestígio do pensamento e da ação econômica que julga uma “herança do atraso”: o risco de regressar a uma era pré-thatcherista.

Um editor e o colunista de economia do Jornal das Dez, da Globo News, concederam amplo destaque às recomendações escritas por The Economist em sua última edição, na qual, com um senso de humor impregnado de desprezo, disse que não recomendará mais a queda de Mantega, sabendo que a presidenta Dilma Rousseff rechaça imposições, como ela mesmo afirmou na cúpula do BRICS realizada na África do Sul, frente a primeira investida da publicação londrina.

Que o braço televisivo das empresas de entretenimento e desinformação da Globo assuma como suas as provocações da The Economist é um fato repetido que não merece nenhum comentário novo. O que merece uma menção é o reiterado uso, por parte de seus jornalistas, do adjetivo “prestigiosa”. 

Como já foi assinalado acima não está em discussão a qualidade dos textos, nem o rigor da informação publicada pelo semanário, mas seu principal traço, muito mais que o prestígio, é sua influência, e esta é filha da repercussão propagandística de seus ataques políticos na forma de artigos jornalísticos.

O que a política econômica personalizada em Mantega ameaça, para publicações como The Economist, Financial Times, The Wall Street Journal e para agências de risco como a Standard and Poors, não são ideias, mas sim a disputa do capital transnacional para ficar com a maior parte dos excedentes da sétima economia mundial.

Quando as multinacionais da informação, que elevam a The Economist à condição de bíblia, demandam “confiabilidade” e “segurança jurídica”, na verdade estão utilizando um eufemismo para chantagear governos periféricos para que renunciem a toda soberania econômica e eliminem todo tipo de regulações. O modelo a ser imitado é o Chile e, mais recentemente, a Aliança para o Pacífico.

Dessa forma, inventa-se uma espécie de Pensamento Único Econômico, um consenso imposto a força, que não é filho da liberdade de expressão ou do pluralismo, mas sim da imposição e dos ataques aos interesses nacionais de países do sul.

Está certo Mantega quando assinala que “The Economist aposta em uma política conservadora...porque critica as políticas de estímulo (à produção e ao consumo), que é uma política que dá resultados, como deram, por exemplo, em 2008”. Na contramão do grosso dos economistas, Mantega, não fugiu da polêmica com a publicação britânica, identificando-a como um órgão alinhado com a direita europeia.

A revista, disparou o ministro brasileiro, “deve ter a mesma opinião que o governo de seu país (Grã-Bretanha) e dos estados europeus em geral (cujas políticas econômicas) que tiveram um resultado o qual não preciso mencionar”. Como era de se esperar, as afirmações de Mantega não mereceram nenhuma repercussão nos veículos de imprensa dominantes em nível global, associados em sua maioria ao credo e aos interesses encarnados pela The Economist.

(*) Correspondente, Doutor em Comunicação e Mestre em Relações Internacionais (@DarioPignotti).

terça-feira, 28 de maio de 2013

A relação entre pobreza e transtornos mentais

Da Carta Capital via Blog do Nassif
A pobreza leva à loucura
Estudos estabelecem relação direta entre a desigualdade social e a incidência de doenças mentais nos desassistidos. por Gabriel Bonis (...) Feita em 2013 com dados do Censo do IBGE de 2010, um levantamento da ONG Meu Sonho Não Tem Fim indica que das mais de 2,4 milhões de pessoas com problemas mentais permanentes acima de 10 anos no Brasil, 82,32% são pobres. 
Dentro desta proporção, 36,11% não possuíam rendimentos mensais e 46,21% viviam com até um salário mínimo. Outras 15,49% estavam na faixa entre um e cinco salários e apenas 2,19% recebiam acima desse patamar. “É preciso considerar que esses problemas também são causados por aspectos como a genética, mas a falta de uma alimentação mínima pode contribuir para o aparecimento de doenças que afetam o desempenho mental”, afirma Alex Cardoso de Melo, responsável pela pesquisa e idealizador da ONG, focada em trabalhos educativos com populações carentes. 
Exemplo disso é o estudo The Distribution of the Common Mental Disorders: Social Inequalities in Europe, de 2004. O documento, citado por Del Río, indica que dos 20% da população europeia de baixa renda, 51% possuem algum transtorno menta¬l grave. São pessoas que, devido a suas dificuldades de adap¬tação social, acabam condenadas a trabalhar em condições precárias e com salários insuficientes, levando a má nutrição e à manutenção do circulo de pobreza e exclusão.
Leia Mais http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-relacao-entre-pobreza-e-transtornos-mentais#comment-1385647
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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Globo News Painel, um programa retrógrado

Do Blog Mandacaru13 e eu concordo com ele.
Acabo de assistir o programa Globo News Painel, lamentavelmente o programa me deixou aterrorizado com a sua ousadia no debate sobre o papel da Comissão da Verdade e os pontos de vista do apresentador e de três debatedores sobre o histórico da ditadura militar. Uma das piores visões retrógradas que tenho visto nos últimos tempos. Conciliação é pouco, na visão deles a comissão terá que fazer apenas o levantamento do passado e só faltaram dizer “depois arquive-se” e ainda fizeram críticas a países citando nominalmente a Argentina que tomou as devidas providencias sobre a violência na ditadura naquela país, para o apresentador isto é revanchismo. Falta de respeito pelo que penso como assinante.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

PT 10 Anos de Governo - Emir Sader entrevista Lula


O necessário, o possível e o impossível

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz um balanço dos 10 anos de administração federal liderada pelo PT nesta entrevista concedida a Emir Sader e Pablo Gentili, disponibilizada aqui pela Carta Maior e que abre o livro '10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma' (Editora Boitempo, 2013). Leia a íntegra

Um livro sobre os 10 anos dos governos que transformaram profundamente o Brasil não poderia deixar de dar a palavra a seu principal protagonista, aquele sem o qual esse processo não teria sido possível e, menos ainda, ter logrado tamanho êxito. Luiz Inácio Lula da Silva é um político prático, intuitivo, que busca a resolução concreta dos problemas. Foi em boa medida graças a essa capacidade que se desenvolveu no país um complexo processo de articulação política que tornou viável a prioridade do social e a promoção de políticas igualitárias, a soberania externa e a recuperação do papel ativo do Estado na construção dos direitos cidadãos.
Esses avanços são analisados neste livro e interpretados por Lula na presente entrevista, realizada na sede do Instituto Lula, em São Paulo, em 14 de fevereiro de 2013. Traz contribuições para compreender uma década fundamental na história brasileira. Ajuda-nos a interpretar, pela visão de quem foi e continuará sendo uma das figuras mais destacadas da política mundial no século XXI, conjuntura de excepcional riqueza na luta pela construção de uma nação mais democrática e justa.

Que dados terá a sua disposição um historiador que pretenda analisar o governo Lula no futuro, além dos publicados pela mídia tradicional?
Quando faltava um ano, um ano e pouco para acabar o meu mandato, decidi que iria registrar em cartório tudo que o meu governo fez. No dia 15 de dezembro [de 2010], a Miriam Belchior, que coordenou esse processo, registrou em cartório todas as atividades do Ministério do Planejamento, da Economia, da Pesca, tudo. Por quê? Porque, eu queria contar um pouco a história deste país. Eu aí falei aos ministros: “Vão ter que registrar em cartório, porque, se vocês mentirem, não será para mim. Vocês estarão cometendo falsidade ideológica”. São seis volumes. Estão em letrinhas peque- nas. Está tudo muito bem-feitinho, tem a assinatura de todo mundo. Se você quer saber o que nós fizemos para combater a corrupção, está aí; o que nós fizemos na área da Educação, está aí; o que nós fizemos na área do transporte, está aí [...]. Dia 15 de dezembro nós fizemos um ato público (para lançar o balanço de governo). Está tudo na internet. Antes, a gente não conseguia encontrar a agenda do Sarney, do Collor, do Fernando Henrique Cardoso, do Itamar. Não se sabia o que eles faziam. Nós passamos a registrar a agenda. Eu lembro que um dia uma CPI mandou um ofício para o Gilberto Carvalho perguntando se eu tinha me encontrado com o presidente de um banco tal. Aí eu disse ao Gilberto: “Fala para eles procurarem na internet. Está lá minha agenda”. A gente passou a tornar pública a atividade do governo. Por que tinha que ser segredo de Estado? E eu falei: “Então nós vamos registrar, para ficar na história”. Quando uma universidade quiser pesquisar, vai saber como foi tratado o assunto. Foi um trabalho de cão fazer isso: exigir que os ministros cumprissem, pois há sempre uns mais organizados que outros. A exigência de registrar em cartório era para eles serem verdadeiros com eles mesmos.

Qual o balanço que o senhor faz dos anos de governo do PT e aliados?Esses anos, se não foram os melhores, fazem parte do melhor período que este país viveu em muitos e muitos anos. Se formos analisar as carências que ainda existem, as necessidades vitais de um povo na maioria das vezes esquecido pelos governantes, vamos perceber que ainda falta muito a fazer para garantir a esse povo a total conquista da cidadania. Mas, se analisarmos o que foi feito, vamos perceber que outros países não conseguiram, em trinta anos, fazer o que nós conseguimos fazer em dez anos. Quebramos tabus e conceitos preestabelecidos por alguns economistas, por alguns sociólogos, por alguns historiadores. Algumas verdades foram por água abaixo. Primeiro, provamos que era plenamente possível crescer distribuindo renda, que não era preciso esperar crescer para distribuir. Segundo, provamos que era possível aumentar salário sem inflação. Nos últimos 10 anos, os trabalhadores organizados tiveram aumento real: [...] o salário-mínimo aumentou quase 74% e a inflação esteve controlada. Terceiro, durante essa década aumentamos o nosso comércio exterior e o nosso mercado interno sem que isso resultasse em conflito. Diziam antes que não era possível crescer concomitantemente mercado externo e mercado interno. Esses foram alguns tabus que nós quebramos. E, ao mesmo tempo, fizemos uma coisa que eu considero extremamente importante: provamos que pouco dinheiro na mão de muitos é distribuição de renda e que muito dinheiro na mão de poucos é concentração de renda.

A quebra desses tabus foi percebida pela sociedade?Muita gente da classe média e rica acabou compreendendo. Aqueles que ironizavam o Programa Bolsa Família, [...] o aumento do crédito para a agricultura familiar, [...] o programa Luz pra todos e todas as outras políticas sociais, aqueles que ironizavam dizendo que era esmola, que era assistencialismo, perceberam que foram milhões de pessoas, cada uma com um pouquinho de dinheiro na mão, que começaram a dar estabilidade à economia brasileira, fazendo com que ela crescesse, gerasse mais emprego e renda. Esta é uma lógica que todo mundo deveria entender.
Existe algum lugar no mundo em que as pessoas vão produzir se não tiver consumo? Se isso acontecer, é porque a economia voltou-se para a exportação [e, nessa lógica,] o povo do país que se dane. Você pode fazer uma grande política de produção para exportação, mas nunca conseguirá, com isso, governar para mais de 35% da população, inclusive porque as fábricas sofisticadas geram menos empregos. Hoje, os postos de trabalho são gerados no setor de serviços e, mesmo assim, menos do que antes.
Precisamos ter em mente o seguinte: que país do mundo vai crescer se o seu povo não tiver poder de compra, se o povo não puder comprar aquilo que é produzido dentro do país? Do ponto de vista econômico, eu acho que marcamos uma nova trajetória na vida brasileira. A partir daí, foram dadas as condições para que as taxas de juros fossem colocadas em um patamar aceitável pela sociedade.